"Se tivermos empenho para desenvolver tecnologia no campo na visão da agricultura orgânica, de base agroecológica, podemos dar saltos enormes". A fala de Rogério Dias, coordenador de agroecologia e produção orgânica do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), foi proferida no encontro "Diálogos Transformadores", transmitido via internet pela Folha TV, no dia 27 de junho. Com especialistas de todo Brasil, o evento trouxe, entre outros temas, o debate sobre a produção de alimentos por meio de sistemas sustentáveis, como o agroflorestal, e a importância da adoção da prática pela agricultura familiar.
No Baixo Sul da Bahia, o Sistema Agroflorestal (SAF) – modo de plantio que combina culturas agrícolas com espécies arbóreas e abre mão da utilização de agrotóxicos – já é uma realidade para jovens agricultores e suas famílias. Nas Casas Familiares apoiadas pela Fundação Odebrecht através do Programa de Desenvolvimento e Crescimento Integrado com Sustentabilidade (PDCIS), isso acontece por meio das aulas teóricas e práticas, com posterior aplicação em suas propriedades rurais. “Ensinamos o método pois ele possui muitas vantagens. Economicamente, ao ser possível produzir diferentes plantas em uma mesma área e obter renda em várias épocas do ano, e ambientalmente, uma vez que o solo está sempre coberto, diminuindo a incidência da erosão e gerando maior sequestro de carbono”, explicou Samuel Queiroz, monitor na Casa Familiar Rural de Igrapiúna.
O conhecimento é aplicado por jovens como Marcelo Santana, da Casa Familiar Agroflorestal. Com o apoio da Fundação Odebrecht, através do Programa Tributo ao Futuro – Novas Gerações, o jovem implantou um SAF em sua propriedade, o que permitirá o reinvestimento em novos ciclos produtivos. “Plantei diferentes cultivos como banana, cacau e guaraná por meio de um sistema agroflorestal na área da minha família. Isso me deu mais conhecimento, habilidade e desenvolvimento, pois passamos a utilizar técnicas que até então não tínhamos acesso”, afirmou.
Para produtores familiares como Sandra de Jesus, o método só traz benefícios: gera serviços ambientais, aumenta a renda e serve de exemplo. Em 2013, ela assumiu uma área de SAF criada pelo pai e, desde então, administra sua pequena propriedade rural. “Sempre trabalhei da melhor forma possível e tenho orgulho de criar meus filhos com a minha roça”, reforça. Com o apoio da Fundação, mais de 70 hectares desse sistema foram implantados por agricultores beneficiados no Baixo Sul da Bahia.