Desenvolver um modelo reaplicável de conservação baseado no fortalecimento de cadeias produtivas em Áreas de Proteção Ambiental (APA). Este é o objetivo do projeto que o Instituto de Desenvolvimento Sustentável do Baixo Sul da Bahia (Ides) apresentou ao Fundo Multilateral de Desenvolvimento (Fumin) – administrado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e que teve confirmada, no último dia 20, a doação de US$ 1,1 milhão para a superação deste desafio.
A idéia é contribuir para o desenvolvimento socioeconômico de áreas rurais, por meio da produção integrada e ambientalmente sustentável das cadeias produtivas da aqüicultura (cultivo de tilápia e de ostras) do palmito, da mandioca e da piaçava. As cadeias estão inseridas em quatro APA existentes no Baixo Sul: Pratigi, Caminhos Ecológicos da Boa Esperança, Tinharé-Boipeba e Baía de Camamu.
A Fundação Odebrecht, uma das apoiadoras do Ides, vai aportar a mesma quantia a ser investida pelo Fumin, em contrapartida à doação. No total, serão US$ 2,2 milhões destinados à capacitação de produtores, certificação de produtos e processos, apoio ao acesso a novos mercados e a sistematização, monitoramento e multiplicação dos resultados do projeto. As quatro cadeias produtivas, todas lideradas por cooperativas, reúnem hoje cerca de 2,2 mil famílias de agricultores e 74 famílias de aqüicultores.
“Os novos investimentos permitirão fortalecer as cooperativas, envolvendo as famílias já cooperadas e mais 540 famílias de agricultores e aqüicultores nas cadeias produtivas” afirma o Diretor Executivo do Ides, Marcelo Walter. “Além disso, as instituições locais, as pequenas empresas e a população em geral serão beneficiadas pela elevação da qualidade de vida, decorrente da geração de trabalho e a justa distribuição de renda e da melhoria da qualidade ambiental”.
Para o Chefe da Equipe de Projeto do BID, Daniel Shepherd, a iniciativa ajudará o Ides a incentivar a criação e o fortalecimento dessas cadeias produtivas. "Para melhorar a lucratividade do produtor, as cooperativas precisam ter acesso a mercados especializados, como os de produtos orgânicos, de exportação e de comércio justo, manter constante a qualidade de produção e atender a padrões mais exigentes. Elas precisam também de capacitação em técnicas comerciais".
Shepherd acrescentou que a idéia é conciliar as necessidades econômicas com a conservação ambiental em uma zona ecológica sensível. "Dado o número de APA no Brasil, este projeto poderia servir de modelo, com inúmeras possibilidades de reprodução", concluiu.
Sobre o Fumin:
O Fumin – Fundo Multilateral de Investimento foi criado em 1993 para estimular o papel do setor privado na América Latina e Caribe com foco no desenvolvimento. Utilizando tanto financiamentos não reembolsáveis quanto outros mecanismos de investimento, o Fumin apóia projetos de pequena escala ou projetos específicos que direcionem novos prismas de visão e que funcionem como catalisadores de maiores mudanças. O Fumin é hoje a maior fonte de assistência técnica e financeira não reembolsável para o desenvolvimento do setor privado na América Latina e no Caribe.