A primeira coisa que se nota ao conhecer Zenilson de Jesus é a sua alegria. De braços abertos e animação contagiante ele recebe quem o visita em seu sítio, na área rural de Piraí do Norte, interior da Bahia. Nascido e criado na roça, o produtor rural de 35 anos foi o primeiro da família a se aventurar pelo mundo da agricultura, trabalhando em fazendas desde muito novo. “Foi lá onde comecei a aprender sobre as culturas, e coloquei como foco de minha vida ter o meu próprio negócio”, diz. A animação, então, não é à toa: perseverante, há 15 anos já pode afirmar que conseguiu realizar este sonho.
Em sua propriedade, o agricultor administra diversas culturas que garantem o sustento da família, composta por sua esposa, Ivonete, e três filhos. “Estou muito feliz em ser produtor rural. Trabalhar no campo é uma paixão minha muito grande e não pretendo largar nunca”, afirma Zenilson.
A paixão que menciona é notada em pequenos detalhes, desde a maneira em que passeia por suas plantações, até como conversa, empolgado, sobre as árvores e seus frutos. O primeiro cultivo que implantou em seu terreno foi o de banana-da-terra, logo depois iniciando também a produção de cupuaçu e cacau. Com a assistência técnica da Organização de Conservação da Terra (OCT), instituição parceira da Fundação Norberto Odebrecht na execução do PDCIS, o seu negócio conseguiu ter um rendimento mais expressivo.
“Depois dessa parceria a minha produção aumentou muito, o que refletiu também em uma renda maior no final do mês. É gratificante demais”, conta Zenilson. Há três anos a OCT o apoia em diversos serviços, como no manejo sustentável do solo, recomendação de adubação e calagem, e auxílio no controle de pragas.
Conhecimento compartilhado
Dos frutos que planta, a matéria-prima do chocolate é responsável pela maior parte de sua receita. Dá para encontrar um pé de cacau por quase toda extensão da área do agricultor, com uma certa particularidade: todo cacau plantado ali é do tipo clonado. Técnica que ganhou espaço por ser mais eficaz, para Zenilson, a clonagem da fruta apresenta muitas vantagens em relação ao cacau comum: “A produção é mais rápida e pega o ano todo, o rendimento do fruto é maior e é mais fácil para controlar a vassoura-de-bruxa”, conta.
Na zona rural, a presença de pragas é muito comum. Segundo o produtor, a instrução da OCT faz toda a diferença no combate dessas doenças em seus plantios. “Já sofri um ataque de praga conhecido por ácaro da gema, que matou várias plantas minhas. Com a assistência técnica da OCT, o produto adequado foi recomendado e eu fiz a aplicação. Em 15 dias, o resultado apareceu e hoje a minha roça está assim, maravilhosa”, diz. Para Zenilson, a orientação que recebe é transformadora. “Muita coisa que não sabia aprendi por causa deles. Só tenho a agradecer”, conclui.
Mas se engana quem pensa que, nessa colaboração, o aprendizado parte apenas de um lado. Camile Silva, integrante da OCT e técnica em agropecuária formada pela Casa Familiar Rural de Presidente Tancredo Neves (CFR-PTN), instituição também parceira na aplicação do PDCIS, é responsável por auxiliar na cultura de cupuaçu do agricultor. Ela conta que este contato proporciona uma constante troca de conhecimento. “O produtor aprende com o técnico, mas a gente também aprende muito com o produtor. Eu não sabia que existia, por exemplo, cupuaçu sem caroço. Foi trabalhando com Zenilson que conheci”, diz.
O acompanhamento profissional de Camile, inclusive, é o primeiro que o produtor recebe para a sua área de cupuaçu. Serviço ainda caro e inacessível para muitos produtores rurais, segundo Zenilson, a possibilidade de ter uma assistência técnica gratuita é um privilégio que impacta na qualidade do seu trabalho. “Qualquer dúvida que tenho, o pessoal da OCT sempre está disponível para ajudar. É uma parceria muito forte, que melhorou a minha vida e a da minha família”, afirma.
Novas parcerias
Ao falar sobre o cupuaçu, o agricultor familiar não esconde o quão fascinado é pelo fruto. E não é para menos: o cultivo oferece diversos benefícios em sua propriedade. Além de zelar pelo cacau ao prover sombras e proteger do sol, também ajuda em sua adubação. “É uma árvore produtiva, em que a gente pega a colheita no chão e não tem despesa com poda. É show de bola”, conta Zenilson.
Mas as vantagens não param por aí. Além de cuidar do fruto vizinho, a sua cultura de cupuaçu está valorizando cada vez mais. Em fevereiro, seu cupuaçuzeiro recebeu uma visita especial do Grupo Boticário. Isso porque o produtor é um dos 60 beneficiários do projeto “Geração de renda em Agroflorestas na Mata Atlântica”, financiado pela marca de cosméticos e executado em parceria com a OCT, que atua na prestação de assistência técnica para o cultivo da fruta.
Para Zenilson, ter a oportunidade de ganhar a vida em uma profissão que beneficia tantas pessoas é extremamente recompensador. “Ser agricultor é uma coisa tão boa, que se o produtor não planta, a cidade não janta. Se você observar, tudo é criado da agricultura. É roupa, é alimentação, é remédio, é tudo. Todo mundo sai ganhando”, finaliza, com os olhos brilhando de quem realmente faz o que ama.