Comunicação

18h51

Produção ambientalmente sustentável

É preciso mudar a percepção da relação entre desenvolvimento econômico e natureza, acabando com o mito da incompatibilidade

NORBERTO ODEBRECHT

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É preciso mudar a percepção da relação entre desenvolvimento
econômico e natureza, acabando com o mito da incompatibilidade
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A QUALIDADE e a segurança de vida de milhões de pessoas no planeta caíram muito nas últimas décadas, em conseqüência de poluição, degradação ambiental, alterações climáticas, escassez de água e destruição de fontes naturais.

Essas ameaças exigem soluções e uma decisão inadiável, com mudanças reais na forma de abordar a questão da sustentabilidade. As políticas de investimento público devem conciliar desenvolvimento econômico e proteção ambiental, promovendo sua sustentabilidade imediata. Os modos de produção, de governança e de consumo devem ser alterados.

Atualmente, muitas comunidades e países já pagam um alto preço pelo atraso na determinação de prioridades de desenvolvimento sustentável.

É preciso mudar a percepção da relação entre desenvolvimento econômico e natureza, acabando com o mito da sua incompatibilidade. Os principais prejudicados pelo mau uso dos recursos naturais são normalmente os mais pobres.

O modelo que pode reverter essa situação está pautado em um sistema de cadeias produtivas estabelecidas a partir de unidades-família, organizadas em cooperativas. Ao gerar oportunidades de trabalho produtivo, as cadeias promovem o aumento e a distribuição digna de renda para as comunidades e municípios. Isso ocorre basicamente porque elas integram, de forma justa e adequada, os setores primário, secundário e terciário.

Com elas, o pequeno produtor familiar (setor primário), organizado em cooperativas, passa a ter acesso à tecnologia, ampliando o volume e a qualidade de sua produção. Sua produção recebe beneficiamento (setor secundário) e seus produtos ganham valor agregado. E, por último, fechando o ciclo, um parceiro comercial (setor terciário) o remunera com justiça, colocando os seus produtos nas mãos de consumidores esclarecidos, que estejam dispostos a pagar por eles. O que torna esse ciclo virtuoso é a eliminação dos intermediários nocivos.

Entretanto, não basta criar e implantar uma cadeia produtiva. É fundamental que os cooperados em torno dela participem de todo o processo de formação da cooperativa, tornando-se os seus legítimos "donos". E a administrem, sem paternalismo e com profissionalismo, contando com suas próprias forças.

Uma cadeia produtiva bem-sucedida transforma trabalho em planejamento, músculos em cérebros e suor em mais conhecimento. E há vários tipos de capital a administrar nesse caminho.

Há o capital humano, que integra os valores, atitudes, conhecimentos e habilidades a fim de permitir que as pessoas de uma comunidade desenvolvam seu potencial, aproveitem as oportunidades que lhe são colocadas e se insiram produtivamente no mundo do trabalho.

O capital social, ou a capacidade de uma comunidade de formular objetivos comuns de longo prazo, de gerar coesão social em torno desses objetivos e de manter um propósito firme ao longo do tempo.

E, nunca menos importante, o capital ambiental, que compreende os recursos advindos do meio ambiente que resultam do uso sustentável pelos seres humanos. Esses recursos devem promover uma interação entre o legado recebido da natureza pelas gerações presentes e aquele que precisa ser oferecido às gerações futuras.
 
Nesse contexto, algumas ações devem estar concretamente inseridas em um programa de grande juízo socioambiental, replicável, que pretenda tirar o povo da informalidade, erradicar a pobreza com distribuição justa de renda, reduzir as desigualdades sociais e estabelecer uma classe média rural.

Um bom exemplo de programa desse tipo está em andamento no Baixo Sul da Bahia e pretende, além de elevar a produtividade com trabalho digno, promover a cidadania dos excluídos, obter sustentabilidade, implantar um modelo de sociedade de confiança, com transparência e responsabilidade, elevar os índices de educação, saúde e produtividade, fixar o ser humano na área rural, agregar as famílias e praticar uma agricultura ambientalmente correta.
 
É o Programa de Desenvolvimento Integrado e Sustentável do Baixo Sul da Bahia (DIS Baixo Sul), que existe há três anos e acaba de ganhar reconhecimento internacional, com o apoio do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento).

O Projeto de Fomento da Produção Agrícola Integrada e Ambientalmente Sustentável é o resultado da recentíssima parceria e traz uma importante chancela para o impacto positivo da experiência, para a consistência dos resultados e para o potencial de replicação dessas idéias e ações em todo o país.

NORBERTO ODEBRECHT , 86, empresário, é presidente do Conselho
de Curadores da Fundação Odebrecht, que apóia o Dis Baixo Sul.

Fonte: Artigo publicado no jornal Folha de São Paulo, 27 de novembro de 2006.

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