“A transformação é mais do que a geração de resultados econômicos”
Confira entrevista realizada com Joaquim Cardoso, Assessor Especial do Presidente Executivo da Fundação Odebrecht
26 de setembro de 2016
Confira entrevista realizada com Joaquim Cardoso, Assessor Especial do Presidente Executivo da Fundação Odebrecht
26 de setembro de 2016
Confira entrevista realizada com Joaquim Cardoso, Assessor Especial do Presidente Executivo da Fundação Odebrecht. Ele relata momentos marcantes de sua relação com Norberto Odebrecht, o compromisso de Eduardo Odebrecht de Queiroz à frente da Fundação e sua visão sobre o momento atual e o futuro da instituição.
1. Por muitos anos, o Sr. esteve ao lado de Norberto Odebrecht (NO) como seu assessor na Fundação Odebrecht. Que histórias e vivências destacaria desta relação?
Joaquim Cardoso – Minha primeira vivência com Drº Norberto se deu na década de 1980, muito antes da minha vinda para a Fundação Odebrecht. Eu estava no Ministério da Agricultura, como Secretário Geral, e discutíamos reformulações conceituais voltadas ao cenário da agricultura brasileira. Em uma dessas reuniões, fui informado de que Dr. Norberto Odebrecht estaria presente, disposto a colaborar com o governo em um projeto de modernização da agricultura, que tinha como foco o aumento contínuo de sua produtividade. Não só ele ficou encantado com o plano ministerial de trabalho para essas questões, como nós vimos nele uma grande vontade de transformação. Ele foi um protagonista decisivo, entendia que a agricultura precisava de vontade política, otimizada pela ação empresarial. Era a visão de um grande empresário que colocava a agricultura em uma concepção moderna, que buscava uma nova gestão para que ela pudesse ser acompanhada e vista como negócio. Desde então, nunca paramos de conversar e refletir sobre essas inquietudes. Até que, em 2006, ele me convidou a integrar a Fundação, para que pudéssemos vivenciar e praticar essas ações no dia a dia. Dediquei-me, então, na elaboração do Plano de Desenvolvimento e Crescimento Integrado da APA do Pratigi, que foi formulado, programado e implantado graças à visão de Drº Norberto, um homem à frente do seu tempo. Da nossa relação, portanto, posso dizer que a grande lição que ficou é que devemos estar sempre prontos para fazer reflexões e aperfeiçoar diariamente o nosso processo decisório, pois isso é que faz o homem ser capaz de conviver com os seus negócios e com o seu ambiente, especialmente no bom uso dos recursos naturais. Também sou testemunha de quanto o governo, na concepção de sua estratégia, ganhou na relação com Drº Norberto.
2. Desde 2014, o Sr. assessora Eduardo Odebrecht de Queiroz, que foi escolhido por NO em vida e preparado por ele para assumir a Presidência da Fundação. Como o Sr. avalia a responsabilidade de Eduardo à frente da instituição e seu compromisso com a perpetuidade do legado de NO?
JC – Para mim, legado é aquilo que projeta o futuro. Não conheço alguém que tenha, do ponto de vista gerencial, tanta disposição, sensibilidade e olhar para o futuro como Drº Eduardo. Somos privilegiados por ter uma pessoa que veio dar sequência a um grande trabalho e que possui todas as credencias para isso. é legítimo, com o DNA da formação e do espírito da determinação, e que tem como sustentação e base a inspiração desse legado. Eduardo possui a compreensão do todo, a decisão de fazer acontecer e, mais do que isso, a habilidade de ter convivido com o avô e tomar decisões que são necessárias para os ajustes e adaptações que o atual momento exige. Sem medo, posso afirmar que a Fundação Odebrecht mantém uma estratégia espetacular de como salvar a essência. Essa essência está posta, com uma pessoa que tem a capacidade de reflexão e a disposição para as mudanças.
3. Em conjunto com parceiros e instituições apoiadas, a Fundação vive, hoje, um momento relevante de sua Governança. Qual a importância deste marco para a instituição?
JC – Um Pacto resulta de uma decisão consciente e deliberada. Não há nada mais forte do que a negociação e a convergência de todos em uma proposta de desenvolvimento sustentável. E materializamos isso com o nosso Pacto [de Governança da Fundação Odebrecht, assinado com as instituições que apoia no âmbito do Programa PDCIS], que é um dos símbolos mais importantes na atribuição de responsabilidades e soma de esforços para resultados que visam o futuro. Essa experiência, vivida hoje pela Fundação e instituições apoiadas, está sendo colocada em prática não só no papel. Está fazendo a diferença nos encontros, nas reuniões, no próprio dia a dia. é um dos sonhos de Drº Norberto que tomou forma: o de que é preciso ter a convergência da visão do futuro para que todos participem e se beneficiem. Nunca vivi uma experiência mais concreta e sólida do que essa. O Pacto é eficiente, um avanço incrível que está sendo entendido de forma fácil por ter objetivos claros, com compromisso e com uma referência comum. é um modelo para quem quer discutir e propor desenvolvimento sustentável.
4. Fale um pouco sobre os desdobramentos desse Pacto no que tange o apoio político, tendo como exemplo prático o último encontro dos líderes do Programa PDCIS com o Vice-Governador da Bahia.
JC – A vontade política está presente em todas as nossas ações. Sem o apoio político não há como pensar em desenvolvimento. Se temos na região uma massa crítica, precisamos trabalhar com as potencialidades de cada um a favor do todo – e nós temos líderes que entendem sobre seus programas e que podem falar e agir com propriedade. E a substância desse apoio é o mérito. O encontro com o Vice-Governador foi um exemplo prático de que temos esse reconhecimento. Estamos estabelecendo um virtuoso pacto de decisões e ações, pautado em reciprocidades de direitos e responsabilidades, em um jogo do ganha-ganha.
5. Baseada na Tecnologia Empresarial Odebrecht, a Fundação chegou aos seus 50 anos tendo como prioridade a geração de oportunidades para que pessoas possam transformar suas vidas. Como isso está acontecendo na prática?
JC – A transformação é mais do que a geração de resultados econômicos. é a mudança de visão e a permanente reflexão. As oportunidades precisam ser vistas no plano das pessoas. E não tem algo mais forte do que a geração de oportunidades no plano familiar – o que a Fundação faz muito bem. Percebemos isso na prática ao ver a vibração dos beneficiários, jovens que diziam não ter preocupação com a água limpa e que agora são verdadeiros gestores de sua paisagem, por exemplo. Precisamos enxergar as oportunidades na visão deles, que contribuem e que estão envolvidos diretamente nesse processo. Para a Fundação, a família é o primeiro passo para o uso adequado das oportunidades. E essa visão faz todo o sentido, pois estamos preparando líderes da comunidade, a chamada massa crítica, para que eles sejam os agentes da mudança. Nós estamos despertando neles essas oportunidades.
6. Fale um pouco sobre o conceito de sustentabilidade praticado pela Fundação Odebrecht. Qual seu principal valor agregado?
JC – No mundo moderno, há um consenso de que a vida das gerações futuras precisa ser preservada. E a conclusão de que essas gerações têm o direito de receber de nós as condições de vida do planeta é universal. Então nos perguntamos: como fazer com que isso aconteça, se não temos essa garantia nem para a nossa atual geração? é por isso que acreditamos que precisamos, com urgência, trabalhar para resolver os problemas atuais. E essa amarração foi feita de forma genial por Dr. Norberto, ao dizer que precisamos criar uma harmonia entre os capitais humano, produtivo, social e ambiental. Se eles estiverem em desequilíbrio, é porque estamos diante de uma questão urgente. Precisamos encontrar o equilíbrio dos fluxos de vida, que são o solo, a água, a fauna e flora, com o homem e seus negócios. No propósito da sustentabilidade, o maior aliado é a insistente busca da recuperação espontânea do seu equilíbrio pela própria natureza. A questão maior é observar e cumprir as leis da natureza.
7. Pensando no futuro, quais são os caminhos que a Fundação ainda busca trilhar?
JC – A Fundação Odebrecht é o instrumento mais claro para a reflexão sobre o todo. Sem essa visão, temos o risco de dispersar. E esse todo tem que ser focado no futuro, com acompanhamento, transferência de tecnologias e profissionalização. Portanto, essa visão, e o interesse comum, superior e nobre, compreendidos de forma eficaz por Drº Eduardo, é que norteiam o futuro. A Fundação tem um desafio grande de permanentemente preparar a comunidade, para que eles busquem a sustentabilidade dos seus negócios. E já estamos fazendo isso. Nossas experiências mostram que o futuro está sendo melhorado de forma consciente e deliberada pela comunidade. O mais importante é compreender que a sustentabilidade não é estanque, tem uma dinâmica própria e requer ajustes e adaptações permanentes.
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