Odebrecht Informa

Edição 137 – Com a força do consumidor solidário

Acordo possibilita a comercialização de produtos do DIS Baixo Sul nas lojas da rede GBarbosa de Salvador e Aracaju.

1 de agosto de 2008

Glauciane Gomes em uma loja da rede GBarbosa em Salvador: ajudando famílias do Baixo Sul

Texto: Vivian Barbosa

Fotos: Almir Bindilatti

A placa no corredor avisa: na prateleira há produto solidário. O vermelho e o amarelo que dão vida ao selo da campanha chamam a atenção de Glauciane Gomes. Paulista, 29 anos, há dois residindo em Salvador, ela freqüenta semanalmente a loja da rede GBarbosa, no bairro do Costa Azul. A novidade agradou à dona de casa. Ela sabe que, levando qualquer mercadoria com o selo “produto solidário”, estará ajudando centenas de famílias do Baixo Sul da Bahia.

Em abril, o Instituto GBarbosa – ligado à rede GBarbosa, a quarta maior supermercadista do país – e a Fundação Odebrecht assinaram um protocolo de intenções que permitiu a comercialização dos produtos do Programa de Desenvolvimento Integrado e Sustentável (DIS Baixo Sul) nas lojas de Salvador e Aracaju. Palmito de pupunha, farinha de mandioca, tilápia estuarina, vassouras e artesanato com fibra da piaçava estão identificados como itens social e ambientalmente responsáveis. A verba proveniente da venda é transferida para os agricultores integrados às cooperativas do DIS Baixo Sul.

“A participação do GBarbosa como agente finalizador, ofertando seu expressivo número de pontos de venda, reforça seu compromisso de contribuir para o desenvolvimento social”, destaca o Presidente da rede, Gerard Scheij. A expectativa é que os produtos passem a contar com a vazão comercial necessária para que os projetos no Baixo Sul se tornem auto-sustentáveis.

Interessada em comprar palmito em conserva, Glauciane descobriu que o produto da Cooperativa dos Produtores de Palmito do Baixo Sul (Coopalm) é ecologicamente correto. “Existe o cultivo extrativista e o ambientalmente sustentável. Como este é o palmito de pupunha, não agride o meio ambiente”, explica Glauciane, afirmando ter aprendido isso com sua mãe. Pote no carrinho, ela pensa na salada que irá preparar. “Além de bom para a saúde, nos faz bem como cidadãos.”

Do campo para a cidade

O amor pelo trabalho e o sonho de um futuro melhor para sua família são os fatores que motivam o cooperado Francisco dos Santos, “nascido e criado” no município de Piraí do Norte, como gosta de frisar. Aos 42 anos, casado e pai de quatro filhas, ele já dirigiu ambulância, foi carregador na feira livre e trabalhou seis anos como arrendatário de terra. “Eu plantava, colhia e secava a roça de cacau de outras pessoas e ficava só com 10% do lucro”, lembra. Francisco, que tinha terras improdutivas, decidiu revitalizá-las e ser dono de seu próprio destino. Hoje, cultiva cacau, cravo, mandioca, feijão e banana. Três hectares são destinados a uma plantação de palmito de pupunha, iniciada em 2006 com o incentivo da Coopalm. “No mês, consigo uma renda entre R$ 700,00 e R$ 800,00. Metade vem do palmito.”

A Coopalm foi criada em 2004, com 37 sócios-fundadores. Atualmente, reúne 355 membros e abrange os municípios de Camamu, Igrapiúna, Ituberá, Maraú, Nilo Peçanha, Piraí do Norte, Taperoá e Valença. Para os agricultores, além da produção ambientalmente responsável, a formação da cadeia produtiva do palmito eliminou intermediários, agregando valor ao produto. “Recebo pela venda do pote e não por haste vendida. O retorno para a comunidade é maior. Nosso produto está nas grandes cidades e já foi até exportado para a França e os Estados Unidos”, comenta Francisco com orgulho.

Novos tratos culturais foram introduzidos pela cooperativa, utilizando uma tecnologia originária do Equador e da Costa Rica, adaptada às características da região. Os produtores compram as plântulas e recebem assistência técnica da Coopalm durante o cultivo. Como o palmito de pupunha é uma planta que perfilha, ou seja, novos brotos nascem paralelamente ao corte das hastes, isso garante produtividade o ano todo. “Depois de plantado, espera-se 13 meses para a primeira incisão. Em dois anos, o plantio atinge sua capacidade plena. Isso significa uma média de mil hastes/mês por hectare”, explica Erasmo Costa, técnico da Coopalm.

O beneficiamento das hastes é feito na Ambial, indústria prestadora de serviços, parceira da Coopalm. Os palmitos são envazados nas modalidades inteiro, picado e aperitivo, chegando ao consumidor com certificações ISO 9001 (Gestão de Qualidade) e HACCP (Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle). Segundo o responsável pela área de controle de qualidade da Ambial, Josenilton de Souza, já foi iniciada a implantação da ISO 14001, ligada às questões ambientais e ao uso adequado dos recursos naturais. “A qualidade de nosso palmito tem atraído a atenção de grandes empresas. Produzimos marcas próprias para a Bonduelle, Alter Eco e Pão de Açúcar”, informa Josenilton.

Desenvolvimento integrado

Além do trabalho voltado para a promoção do capital produtivo, gerando oportunidades de trabalho e renda digna, a Coopalm realiza diversas ações de capacitação com as famílias dos cooperados. A filha mais velha de Francisco, Jaqueline, e sua esposa, Arcanja, foram beneficiadas com dois cursos – a primeira recebe aulas de informática; a segunda, participou do Programa Nutrir, fruto de uma parceria com a Fundação Nestlé. A iniciativa busca possibilitar o compartilhamento de conhecimentos sobre nutrição com a comunidade, contribuindo para a obtenção de uma alimentação mais saudável e de baixo custo.

Manoel dos Santos, 44 anos, e seu filho Dinaldo, 23, ingressaram na cooperativa há um ano e meio. Eles participaram de um processo chamado inclusão qualificada, aprendendo noções de cooperativismo, recuperação de áreas e orçamento familiar. A pequena propriedade da família fica na comunidade de Caeira, a 20 km do centro da cidade de Ituberá. Os 2 hectares plantados de palmito começaram a dar resultado no mês de junho. “Nesse primeiro ano, esperamos uma renda de R$ 300,00 a mais por mês. Com as parcerias que a cooperativa tem firmado, a tendência é produzirmos mais, na certeza de que teremos comprador”, diz Dinaldo, que concluiu o ensino médio e quer estudar Agronomia.

Seu pai, que cursou até a quarta série, incentiva e prevê um futuro melhor para ele. “Estudando já é difícil conseguir algo. Sem estudar, impossível. É gratificante ver que meu filho já chegou mais longe. Com trabalho e honestidade, irá conseguir o que quer”, garante Manoel. De onde vem tanta certeza? Manoel responde com o silêncio. Olha para a frente, com as mãos na cintura, uma delas apoiada no coldre de couro que segura um facão, um de seus principais instrumentos de trabalho. O que vê é uma imensidão de pés de palmito.

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