Quando as pessoas Dão um Passo à Frente
No início de 2011, convidado pela Fundação Odebrecht, viajei para a Mata do Sossego [assentamento rural localizado em Igrapiúna – […]
26 de dezembro de 2011
No início de 2011, convidado pela Fundação Odebrecht, viajei para a Mata do Sossego [assentamento rural localizado em Igrapiúna – […]
26 de dezembro de 2011
No início de 2011, convidado pela Fundação Odebrecht, viajei para a Mata do Sossego [assentamento rural localizado em Igrapiúna – BA], no coração da Mata Atlântica. Lá, um lugar que a maioria das pessoas nunca saberá que existe, lembrei de algo que se faz presente dentro de cada um: a capacidade individual e coletiva de transformar nossas vidas e até mesmo nos redimir, ao tempo em que construímos uma comunidade mais forte.
Durante a viagem, tudo que eu podia ver entre as árvores eram pequenas clareiras formadas por casas humildes de taipa, estradas esburacadas de barro, alguns carros e caminhões. Algo como um milagre estava acontecendo por lá. Fui levado por membros da comunidade até um campo onde cresciam palmeiras [palmito de pupunha]. Outros moradores se juntaram a nós e sentamos no chão sob a bela cobertura das palmeiras. Uma por uma, aquelas pessoas contaram e partilharam suas histórias. Muitas delas já haviam sido invasoras, todas cronicamente pobres.
Anos atrás, associaram-se a uma cooperativa para o cultivo de palmito para que eles e suas famílias pudessem melhorar de vida. Eles me contaram como cada um tinha saído de uma condição de exclusão para ganhar R$ 2.500 por mês. Falaram abertamente sobre a transformação pessoal – sobre como finalmente haviam assumido responsabilidades por suas vidas. Um desses moradores revelou que eles se vêem hoje como autoridades de suas próprias vidas.
Enquanto me encontrava sentado, fui testemunha do que é possível quando as pessoas dão um passo à frente em suas vidas. E mais: aqueles indivíduos falaram que sozinhos nunca poderiam ter alcançado a coesão e o crescimento da Mata do Sossego. A comunidade só efetivamente surgiu porque todos deram o coração e uniram as mãos. Ao longo do caminho, reaprenderam a construir a confiança entre si e entre os membros da comunidade. Aprenderam a perdoar os outros pelos erros do passado. Estavam vivos novamente.
Disseram-me que alguns dos melhores palmitos do mundo são os da Mata do Sossego. Durante a visita, aproveitamos a oportunidade e conhecemos a fábrica onde processam, embalam e distribuem palmitos de pupunha para lojas no Brasil, na França e em outros mercados internacionais.
Quando estávamos sentados na casa de uma família para o almoço, um senhor sentou-se ao meu lado e disse que estava prestes a comprar um novo caminhão para a comunidade, pois assim poderia transportar o produto para a fábrica. Esta seria outra maneira para a comunidade reforçar sua sustentabilidade econômica. Na verdade, é mais um sinal da capacidade deles de moldar o próprio futuro.
Nunca vou esquecer os rostos e as vozes das pessoas que conheci. Por lá, aninhado no meio da mata, existe uma comunidade demonstrando o que é possível realizar em nossas vidas quando libertamos nosso potencial individual e nos unimos para seguir em frente.
Tudo isso pode acontecer quando damos um passo à frente.
Richard C. Harwood, Fundador do The Harwood Institute for Public Innovation, é referência internacional em desenvolvimento de comunidades.
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