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50 anos da Pedagogia da Alternância na Bahia e o papel da Fundação Norberto Odebrecht em seu fortalecimento no Baixo Sul

“Educação é item fundamental. Os filhos aprendem a empresariar os negócios agrícolas e se comprometem com o desenvolvimento da região.” […]

1 de dezembro de 2025

“Educação é item fundamental. Os filhos aprendem a empresariar os negócios agrícolas e se comprometem com o desenvolvimento da região.” A frase, dita por Norberto Odebrecht, empresário e filantropo, à Valor Econômico em 2007, sintetiza uma visão que já havia começado a se transformar em realidade anos antes e que hoje compõe um capítulo decisivo na história da educação do campo na Bahia.

Em 2025, o estado celebra 50 anos da Pedagogia da Alternância, metodologia que integra saberes escolares às vivências da vida no campo. Ao longo desse percurso, o papel de Norberto Odebrecht e da Fundação que leva seu nome foi determinante para que o modelo ganhasse força e encontrasse, no Baixo Sul da Bahia, um terreno fértil para gerar oportunidades, dignidade e desenvolvimento sustentável.

Quando a educação encontra o território

Ao se deparar com os baixos Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) do Baixo Sul, onde a pobreza, a limitação de oportunidades educacionais e a baixa adoção de tecnologias no campo eram uma realidade persistente, Norberto entendeu que era preciso agir. Para ele, o verdadeiro papel do empresário era servir à comunidade. E, naquele território, a mudança começaria a partir da educação.

Em 2 de agosto de 2002, com apoio da Fundação Norberto Odebrecht (FNO), nasceu a Casa Familiar Rural de Presidente Tancredo Neves (CFR-PTN), primeira instituição do modelo na região. Depois vieram a Casa Familiar Agroflorestal (CFAF), em Nilo Peçanha, em 2005, e a Casa Familiar Rural de Igrapiúna (CFR-I), em 2007. As três escolas são parceiras estratégicas na execução do PDCIS, programa socioambiental coordenado pela FNO que já impactou a vida de quase 700 mil pessoas.

As Casas Familiares estruturam um dos pilares desse programa, que integra educação, geração de renda, cidadania e conservação ambiental. Desde 2005, mais de 2 mil jovens já se formaram nessas escolas, abrindo novos horizontes para famílias de agricultores do Baixo Sul a partir de uma metodologia educacional que dialoga com seus desafios e que fortalece suas rotinas produtivas: a Pedagogia da Alternância.

A Alternância como ponte entre escola e família

Criada na França no final da década de 1930, a Pedagogia da Alternância surgiu como resposta às condições climáticas rigorosas e às longas distâncias entre as propriedades rurais e as escolas, oferecendo uma forma de integrar o ensino formal à realidade do campo. No Brasil, suas primeiras iniciativas datam de 1965 e atenderam, sobretudo, ao desafio das grandes distâncias percorridas por jovens rurais para acessar a educação. A metodologia propõe que o jovem alterne períodos na escola e na propriedade da família, fortalecendo a aprendizagem contextualizada e o vínculo com o território.

Nas três Casas Familiares parceiras da FNO, o funcionamento é assim: os alunos passam uma semana na escola, em regime de internato, e as duas semanas seguintes em suas propriedades, aplicando na prática o que aprenderam em aula e compartilhando esse conhecimento. Durante esse período, educadores realizam visitas técnicas, acompanhando de perto o desenvolvimento de cada estudante.

“A vantagem deste modelo alternativo é que ele possibilita a descoberta de jovens talentos do meio rural, incentivando-os a permanecer em suas regiões e comprometer-se com o desenvolvimento local”, afirmou o professor Pierre Gilly, responsável por introduzir a Casa Familiar no Brasil, na publicação 40 propostas para o desenvolvimento social do Brasil, de 2005.

E histórias como a de Mariene da Silva Barbosa revelam a profundidade desse ensino, que introduziu novos padrões de qualidade, produtividade e sustentabilidade nos cultivos das famílias e ampliou, entre os jovens, a visão sobre o campo como um espaço potencial para a construção de uma vida melhor.

“Aqui estou ganhando visão de futuro e empresarial. Mas também estou aprendendo a buscar não só meu crescimento, mas o de toda minha comunidade e região.” Foi assim que Mariene descreveu sua experiência à Odebrecht Informa em 2004, quando ainda integrava a primeira turma de agronegócio da CFR-PTN. Duas décadas depois, ela retornou à Casa Familiar como profissional, para contribuir com a formação de outros filhos de agricultores familiares.

“A Casa pavimentou muita coisa do que eu me tornei. Ela nos levou a nos reconhecermos como cidadãos e a acreditar que Presidente Tancredo Neves podia ser uma nova cidade, e ela está sendo. Eu consegui sonhar para que outros jovens também conseguissem, e esse é o maior legado que eu poderia deixar”, afirma.

Celebração dos 50 anos da Pedagogia da Alternância na Bahia

Nos dias 10 e 11 de novembro, os 50 anos da metodologia que orienta as Casas Familiares do Baixo Sul da Bahia foram celebrados em grande encontro na Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA). Mais de 200 participantes estiveram presentes, entre professores, estudantes, gestores, lideranças comunitárias e movimentos sociais.

Promovido pela Secretaria de Educação da Bahia e pela deputada Fátima Nunes, o evento abriu um espaço de diálogo e troca de experiências, reunindo pesquisas, práticas pedagógicas e trabalhos comunitários das instituições que mantêm viva a Pedagogia da Alternância no estado.

“Foi um dia memorável. Não poderíamos deixar de estar presentes em um momento tão marcante para a história do campo e para todos que acreditam na educação contextualizada ao campo como caminho de desenvolvimento”, conta Perivane Santos da Silva, comunicador da CFR-I.

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