O governador Paulo Souto visitou ontem, no município de Presidente Tancredo Neves, a Fazenda Novo Horizonte, sede de dois projetos sociais incentivados pela Fundação Odebrecht. Na oportunidade, ele autorizou a Secretaria de Combate à Pobreza e às Desigualdades Sociais (Secomp) a firmar convênio com Cooperativa de Produtores Rurais de Presidente Tancredo Neves (Coopatan) para a instalação de uma fecularia industrial no local.
A fazenda abriga o Projeto de Reestruturação da Cadeia Produtiva da Mandioca e a Casa Familiar Rural (CFR), um centro de formação de pequenos empresários rurais que oferece ensino integrado de teoria e prática para jovens entre 14 e 21 anos. No curso, que equivale ao ensino médio e possui três anos de duração, os alunos aprendem o cultivo e manejo de diversas culturas, além de contar com cursos de informática e gestão.
Os projetos são desenvolvidos em parceria pelo Governo do Estado, Instituto de Desenvolvimento Sustentável do Baixo Sul (Ides) e Associação de Municípios do Baixo Sul (Amubs). "Este é um trabalho que favorece a fixação dos jovens no campo, dando-lhes melhor condição de vida e sustentabilidade. É um belo exemplo de um trabalho participativo", disse Souto.
Na visita do governador à fazenda foi inaugurada uma fábrica com capacidade de produzir 20 toneladas de farinha por dia. Ela vai beneficiar 1,8 mil famílias de produtores de mandioca da região. A farinha produzida será comercializada na Cesta do Povo e nos supermercados da rede Wal Mart.
"Essa fábrica é uma maneira de agregar valor à mandioca. Através da extinção do atravessador vamos aumentar o ganho do agricultor, já que o produto final é mais valorizado do que a mandioca in natura", afirmou o diretor da Coopatan, Jorge Gavino.
"Criar iniciativas como essas depende só da compreensão dos empresários. Transformar esses jovens em pequenos empresários rurais é fácil, pois se eles aumentam sua produtividade, podem comercializar o excedente", explicou o empresário Norberto Odebrecht, idealizador do projeto.
"A fecularia vai trazer ainda mais ganho para os produtores, pois a fécula é mais cara que a farinha. A Secomp é parceira nesse projeto, pois iniciativas como essa é que dão condições de vida decente ao povo", disse o titular da Secomp, padre Clodoveo Piazza.
Mais ganho
A Fazenda Novo Horizonte abriga também o maior campo de demonstração de tecnologias para o cultivo de mandioca da Embrapa, onde são desenvolvidas, aplicadas e divulgadas novas tecnologias de plantio da raiz. Os alunos da Casa Familiar Rural são o principal alvo e divulgadores das técnicas. Como estudam em regime de alternância, permanecendo um período na fazenda e outro em casa, eles levam para a comunidade as técnicas aprendidas.
"Aqui aprendemos tecnologia para aplicar em nossas propriedades. Antes trabalhávamos de maneira muito arcaica, somente para consumo. Hoje, somos pequenos empresários", declarou o aluno João Santos. "Antes as pessoas mais velhas não aceitavam o que ensinávamos. Agora já vejo todos usando as técnicas que aprendemos aqui", disse a aluna Jeane Borges.
"Temos uma parceria com a Embrapa e vamos agora agregar ao Nossa Raiz, o programa estadual de desenvolvimento da mandiocultura, os princípios de cultivo e manejo adotados no campo experimental. Aqui no baixo sul temos também a integração da Embrapa e da Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA), a fim de buscar meios para melhor aproveitar a mandioca", disse o secretário da Agricultura, Pedro Barbosa.
O Nossa Raiz possibilita a melhoria na qualidade de vida de mais de 2 mil microprodutores familiares de 47 municípios do baixo sul e do Recôncavo sul. O programa começou a ser desenvolvido a partir de um convênio firmado em abril deste ano, entre a Secomp e a Secretaria da Agricultura (Seagri), através da EBDA, no valor de R$ 10,4 milhões.
Todas essas ações implementadas na região convergem com o Programa de Desenvolvimento Regional Integrado e Sustentável do Baixo Sul (PDRIS), que abrange 11 municípios. Atualmente, três cadeias produtivas estão sendo desenvolvidas na região: mandioca, aqüicultura e pupunha.
O PDRIS também trabalha o resgate da cidadania. Através de dois balcões de direitos, instalados em Taperoá e Tancredo Neves, cerca de 40 mil pessoas já resgataram seus direitos como cidadão. Ali, pessoas carentes receberam registros de nascimento, carteiras de identidade e profissional e tiveram legalizadas suas terras. Tudo isso possibilitou o acesso a direitos como aposentadoria, inscrição em programas do governo federal e acesso a financiamentos agrícolas.
Acompanharam o governador na visita a Presidente Tancredo Neves os deputados federais José Carlos Aleluia e José Carlos Araújo e os estaduais Aderbal Caldas e Luiz de Deus.
Fonte: Diário Oficial do Estado da Bahia - 27 e 28 de agosto de 2005